segunda-feira, 31 de maio de 2010

Obediência e Resignação

A doutrina de Jesus ensina, em todos os seus pontos, a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura e muito ativas, se bem os homens erradamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração, forças ativas ambas, porquanto carregam o fardo das provações que a revolta insensata deixa cair. O pusilânime não pode ser resignado, do mesmo modo que o orgulhoso e o egoísta não podem ser obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes que a antigüidade material desprezava. Ele veio no momento em que a sociedade romana perecia nos desfalecimentos da corrupção. Veio fazer que, no seio da Humanidade deprimida, brilhassem os triunfos do sacrifico e da renúncia carnal.

Cada época é marcada, assim, com o cunho da virtude ou do vício que a tem de salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vicio é a indiferença moral. Digo, apenas, atividade, porque o gênio se eleva de repente e descobre, por si só, horizontes que a multidão somente mais tarde verá, enquanto que a atividade é a reunião dos esforços de todos para atingir um fim menos brilhante, mas que prova a elevação intelectual de uma época. Submetei-vos à impulsão que vimos dar aos vossos espíritos; obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração. Ai do espírito preguiçoso, ai daquele que cerra o seu entendimento! Ai dele! porquanto nós, que somos os guias da Humanidade em marcha, lhe aplicaremos o látego e lhe submeteremos a vontade rebelde, por meio da dupla ação do freio e da espora. Toda resistência orgulhosa terá de, cedo ou tarde, ser vencida. Bem-aventurados, no entanto, os que são brandos, pois prestarão dócil ouv ido aos ensinos. - Lázaro. (Paris, 1863.)



Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112 edição. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br. Federação Espírita Brasileira.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

SABER E FAZER

"Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” —
Jesus. (JOÃO, capítulo 13, versículo 17.)

Entre saber e fazer existe singular diferença. Quase todos sabem, poucos
fazem. Todas as seitas religiosas, de modo geral, somente ensinam o que
constitui o bem. Todas possuem serventuários, crentes e propagandistas, mas
os apóstolos de cada uma escasseiam cada vez mais.
Há sempre vozes habilitadas a indicar os caminhos. É a palavra dos que
sabem.
Raras criaturas penetram valorosamente a vereda, muita vez em silêncio,
abandonadas e incompreendidas. É o esforço supremo dos que fazem.
Jesus compreendeu a indecisão dos filhos da Terra e, transmitindo-lhes a
palavra da verdade e da vida, fez a exemplificação máxima, através de
sacrifícios culminantes.
A existência de uma teoria elevada envolve a necessidade de experiência e
trabalho. Se a ação edificante fosse desnecessária, a mais humilde tese do
bem deixaria de existir por inútil.
João assinalou a lição do Mestre com sabedoria. Demonstra o versículo
que somente os que concretizam os ensinamentos do Senhor podem ser bemaventurados.
Aí reside, no campo do serviço cristão, a diferença entre a cultura
e a prática, entre saber e fazer.
Xavier, Francisco Cândido. Do livro: Caminho, Verdade e Vida. Ditado pelo espírito Emmanuel. FEB.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Tolerância e Fraternidade


O ser querido desertou do lar, vencido pela fragilidade das fôrças ainda impregnadas de alta dose de animalidade; todavia, acusa-te, fazendo-te responsável pela sua fuga. Sê tolerante e conserva-te fraterno em relação ao evadido.

O antigo dedicado de ontem não deseja mais a tua lealdade e sai, arremetendo diatribes que te maceram. Sustenta a tolerância e mantém a fraternidade pensando nele.

O beneficiário da tua bondade, navegando em situação de bonança, esquece as tuas dádivas e faz-se soberbo, malsinando o teu nome. Acautela-te na tolerância e reserva-lhe a fraternidade.

As tuas palavras de advertência, tocadas no mais nobre desejo de acertar, são agora transformadas por antigos comparsas que se fizeram teus adversários, em açoites que te alcançam. Continua tolerante e dissemina a fraternidade.

Os convidados pela tua lição de sacrifício a participarem do banquete de luz e vida do Evangelho, apontam-te mil débitos, e sofres. Porfia na tolerância e trabalha pela fraternidade.

Divulgas o bem por amor do bem, tentando viver o bem, mas, apesar disso, não faltam as agressões ao bem que fazes e desafios por parte daqueles que supões beneficiar. Confia na tolerância e aciona a fraternidade...

Tolerância e fraternidade sempre.

Em toda e qualquer circunstância essas duas armas cristãs, da "não violência", podem operar milagres. Talvez aqueles a quem as ofertas, recusem-nas momentaneamente, todavia, ser-te-ão benéficas utilizá-las, já que elas restaurarão tua paz, se a perdeste, ou manterão tua tranquilidade, se a conservas.

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"Bem-aventurado aquele que sofre a tentação porque quando fôr provado receberá a coroa da vida à qual o Senhor tem prometido aos que o amam" - conforme ensinou o apóstolo Tiago, na sua Epístola universal, Capítulo um, versículo doze.

A tentação, por isso mesmo, possui as suas raízes no cerne daquele que é tentado, e como é natural, reponta frequentemente, ensejando-lhe a nobre batalha da própria redenção.

Viajores de muitas experiências malogradas, somos a soma das nossas dívidas em operação de resgate.

Cada ensejo depurador é bênção impostergável. Ora, se alguém nos fere ou magoa, nos acusa ou abandona, com fundamentos injustos, tentando nossa fraqueza ao revide ou à deserção do combate, mantenhamos tolerância para com ele - o instrumento inconsciente da Lei - e sejamos fraternos. facultando-lhe retornar com a certeza de se recebido pelo nosso coração.

A sombra é geratriz de equívocos como o êrro é matriz de tormentos íntimos naquele que o pratica. A punição mais severa, portanto, para o transviado é o despertar da consciência, hoje ou amanhã.

Jesus convocou-nos ao amor incondicional e ao perdão das ofensas, e Allan Kardec, o discípulo fiel, na tríade que formulou, situou a Tolerância como uma das bases da felicidade humana, sendo a fraternidade, dessa forma, o espelho onde se pode refletir a alma do amor, em todas as circunstâncias e lugares.

Tolerância e fraternidade, como roteiros para a harmonia que buscamos, são lições vivas de entendimento humano, nos deveres que esposamos à luz do Cristianismo Redivivo.

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"Pois o filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos". Marcos: capítulo 10º, versículo 45.

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"O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de RAÇAS NEM DE CRENÇAS, porque em todos os homens vê irmãos seus. Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 17º - Item 3, parágrafo 7.



Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Florações Evangélicas. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Capítulo 50. Salvador, BA: LEAL.